terça-feira, 19 de julho de 2022

O que significa empreender com riscos calculados?

O que significa empreender com riscos calculados? Entenda o conceito para ter mais chances de sucesso em seu negócio!

Abrir e gerir um negócio é um desafio e tanto. Podemos dizer que parte desse desafio está no fato dos riscos serem inerentes ao processo. Um empreendedor precisa tomar decisões complexas e implementar ações com o objetivo de avançar e fazer seu negócio crescer. Porém, precisa lidar com incertezas. E se não der certo? E se o “passo for maior que a perna”?


Nesse sentido, uma habilidade que todo gestor precisa desenvolver é a de calcular riscos. Com riscos calculados, o empreendedor passa a tomar decisões com base em dados e planejamento, entendendo as possíveis variáveis. Dessa maneira, é possível minimizar danos e também lidar melhor com as consequências caso algo não ocorra como o previsto.


A cada projeto, passo ou decisão é importante ter uma avaliação e percepção do mercado, das dificuldades que podem surgir, fazer uma projeção de possíveis cenários e entender o impacto gerado. 


Assim, a melhor alternativa para um dono de negócio é aprender a lidar melhor com riscos, afinal, o empreendedor que não se arrisca limita o potencial de crescimento da sua empresa. A seguir, veremos de forma detalhada o que são riscos calculados, por que é importante correr riscos ao empreender e qual a maneira de se arriscar considerando todos os aspectos e variáveis que envolvem uma tomada de decisão ou implementação de um novo projeto. 

O que são riscos calculados

Riscos calculados consiste no processo de avaliação que um empreendedor faz ao traçar novos caminhos ou determinado objetivo para seu negócio, levando em consideração a viabilidade e aspectos como estrutura, cenário econômico, dados mercadológicos, custos, recursos e projeções.


Dessa forma, riscos são avaliados e assumidos de maneira consciente com o objetivo de alcançar um crescimento e aprimorar os resultados da empresa. Correr riscos calculados é, portanto, fundamental, caso você deseje levar o seu negócio para outro patamar e se destacar frente ao mercado onde está inserido. Como exemplos de risco calculado, cito a decisão de abertura de uma filial e a implementação de novos meios/opções de pagamento.

Os riscos calculados no empreendedorismo — a importância de saber corres riscos

Como destaquei, é importante um empreendedor ter coragem e saber quando se arriscar para aproveitar oportunidades para o seu negócio. Essa é uma habilidade chave do empreendedorismo e, sem dúvidas, devemos trabalhar para desenvolvê-la. Apenas ter ideias e força de vontade não são suficientes se não existe preparo e base para fazer uma boa gestão de riscos. 


Nesse contexto, é primordial saber empreender com os pés no chão. Ou seja, é preciso ter ousadia, mas sempre tomar decisões com cautela e um pouco de paciência para não colocar tudo a perder.  Entender quais são os riscos calculados do seu negócio é importante para:

  • ter maior controle das ações e lidar melhor com possíveis reveses e dificuldades;

  • reduzir impactos negativos e minimizar danos;

  • otimizar recursos e investimentos;

  • impulsar o desempenho do negócio.

Os tipos de riscos calculados que você precisa avaliar como dono de negócio

Empreendedores geralmente lidam com alguns tipos de riscos em seu cotidiano. É importante conhecê-los para se planejar e fazer uma boa avaliação de cálculo de risco, considerando aspectos que podem ameaçar a viabilidade do seu negócio. Confira quais são:

  • aceitação do produto ou serviço;

  • reações da concorrência;

  • cenário econômico;

  • aspectos legais e sanitários;

  • falta de capital de giro. 

Como correr riscos calculados, tomar decisões com estratégia e dar novos passos com firmeza

1. Saiba identificar potenciais riscos

Ao abrir um negócio, implementar um novo projeto ou uma estratégia específica de crescimento, é importante fazer uma análise de todos os potenciais riscos envolvidos, que podem lhe trazer algum tipo de complicação. Os tipos de riscos apontados no tópico anterior podem ser uma direção para ajudá-lo nessa avaliação.

2. Avalie alternativas e possibilidades ao tomar decisões

Ao tomar uma decisão, busque ter alternativas e considere outras possibilidades caso surjam obstáculos e as coisas não ocorram como esperado. Mesmo com planejamento, existe uma margem de erro. É importante ter um “plano B”, estar preparado para dificuldades é a melhor maneira de fazer uma gestão de risco. 

3. Reduza as chances de erro

Para arriscar com cautela, é essencial encontrar meios de reduzir as chances de erros. Um plano de negócio, ou uma pesquisa de mercado para o lançamento de produto ou abertura de filial, entre outros, são exemplos de ferramentas que um gestor pode utilizar para embasar suas decisões e aumentar suas chances de sucesso. Ao se resguardar e minimizar os danos, menores também são as chances de perder dinheiro em um investimento errado ou em uma estratégia equivocada. 

5. Escolha desafios com cautela

A escolha dos desafios também é um fator importante na avaliação dos riscos. O desafio precisa ser coerente com o negócio e possível de alcançar, pois, assim, as chances de sucesso são maiores. Cuidado com ideias megalomaníacas e fora da realidade. 

6. Tenha um bom planejamento financeiro

Antes de dar qualquer passo, é primordial ter um bom planejamento financeiro. Ao calcular os riscos que irá assumir, o empreendedor deve estar ciente das suas limitações financeiras e do impacto que determinada ação pode gerar para o caixa da empresa. Caso contrário, o que era para ser um diferencial competitivo pode ser tornar um grande prejuízo, causando danos irreversíveis para a saúde financeira do negócio. 

7. Antecipe soluções para possíveis problemas

A melhor maneira de trabalhar com riscos calculados é minimizar impactos negativos. Por isso, planeje soluções para eventuais imprevistos ou contratempos que poderá enfrentar. Ao tomar uma atitude com agilidade diante de um problema, as chances de revertê-lo são muito maiores. 

8. Mensure resultados para embasar decisões futuras

Quanto maior for o embasamento para a tomada de decisão, melhor você lidará com riscos calculados. Portanto, colete dados dos projetos executados e faça uma análise dos riscos corridos em decisões anteriores, mensure os resultados alcançados. Isso lhe dará segurança e respaldo para iniciativas futuras.



O segredo para empreender com riscos calculados é sempre avaliar o cenário e as situações com rigor e clareza, buscando desenvolver essa habilidade de análise cada vez mais. Além disso, é importante ter a disposição para assumir desafios e ter coragem de ousar. Mas lembre-se de manter sempre os pés em terra firme.


Bom trabalho e grande abraço.


Rafael José Pôncio, PROF. ADM.



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 12 de julho de 2022

Jules Henri Fayol, o criador da gestão administrativa


Sir Isaac Newton, quando questionado sobre sua descoberta das leis da gravitação universal, respondeu: “se consegui enxergar mais longe é porque me apoiei no ombro de gigantes”. Essa singela resposta nos mostra, de modo didático, a importância de termos uma base em tudo que fazemos. Essa base, quando voltada ao mundo profissional, está na tradição de gerações de pesquisadores e exemplos bem sucedidos em cada um dos nossos ramos. Por vezes, quando nos debruçamos sobre as modernas teorias de nossas áreas de interesses acabamos por negligenciar os clássicos, ou seja, os pensadores que criaram os princípios básicos em que se sustentam todas as novas e antigas ideias. 

Frente a essa realidade, é fundamental voltarmos uma vez mais ao estudo dos clássicos. No caso da administração - e em tantas outras áreas, na verdade - pode-se argumentar que os métodos utilizados pelos gestores do início do século passado já se apresenta obsoleto, ou que as empresas atuais buscam um modelo que atenda as necessidades da nossa sociedade, que difere do que se esperava há cem anos atrás. 

Se, por um lado, concordamos com o fato de que não se pode replicar exatamente o mesmo modelo de gestão dos antigos, por outro é inegável que, em essência, os ensinamentos que estes pensadores nos legaram, após uma vida dedicada aos seus negócios e a teoria da administração, não podem ser jogados fora como um passado que já não nos serve mais. 

Tendo em vista a necessidade de (re)encontrarmos com estes grandes gestores do passado, iniciei aqui mais uma série de biografias dedicadas aos pais da administração, aqueles que através de suas empresas e livros formaram a sólida base da ciência social a qual denominamos administração. E como não poderia ser diferente, começamos nossa série com um dos principais gestores que o século XX presenciou: Jules Henri Fayol, o criador da gestão administrativa.

Quem foi Jules Henri Fayol?

Nascido no antigo Império Otomado, em 1841, Jules Henri Fayol ainda muito jovem mudou-se para a França, país de origem dos seus pais. Devido a profissão do seu pai como engenheiro era comum - e necessário - relocar-se para outros países e acompanhar as construções que empreendia. Desse modo, após realizar a construção de pontes em Istambul, o pai de Fayol recebeu uma proposta de trabalho em Paris e voltou à sua pátria em 1847. Assim, o jovem Henri cresceu observando o ofício do pai, o que o levou para a profissão de engenheiro de minas. Até esse momento, porém, a vida de Fayol em nada desenhava-se para que ele se tornar-se o homem que seria reconhecido como fundador da teoria clássica da administração.

Ao iniciar sua carreira como engenheiro aos 19 anos, Fayol encontrou uma situação que mudaria sua percepção quanto à administração. Contratado pela Compagnie de Commentry-Fourchambault-Decazeville, uma mineradora que atuava no coração da França, mais precisamente em Commentry, o jovem engenheiro encontrou uma situação complexa na gestão da mineradora. Praticamente decretando falência, Fayol passou a exercer não apenas seu cargo como engenheiro, mas dedicou-se ao ponto de gerir o seu setor e otimizar os processos da empresa, salvando-a, após alguns anos, de ter suas portas fechadas.

Essa experiência o marcou profundamente. A partir disso, Fayol passou não apenas a tentar entender princípios básicos da administração, mas também a anotar e criar relações entre a prática exercida em seu trabalho e a fundamentação de uma nova teoria para ajudar gestores e seus empreendimentos. 

Não por acaso, em 1888, após 28 anos como gestor, Fayol chegou à direção geral da empresa, resultado do seu esforço não apenas como um trabalhador, mas um gestor de sucesso.

Toda a experiência prática e teórica acumulada por Fayol, fruto de 58 anos de trabalho, ganharam “vida” no seu livro “ Administração Industrial Geral”, lançado em 1916, tornando-se um verdadeiro marco para a área da administração. Pouco tempo depois, em 1918, Fayol aposentou-se do seu cargo de diretor, com então 77 anos.

Tornando-se um dos pais da administração

O pai da administração, porém, não limitava-se a exercer suas teorias apenas no seu trabalho. Dedicado a espalhar suas ideias sobre gestão, Fayol chegou a fundar o centro de estudos administrativos que, em linhas gerais, reunia pessoas dos mais diferentes ramos para palestrar acerca de suas descobertas.

Assim, o teórico não contentou-se em apenas aprender e aplicar as leis da administração, mas sua missão principal estava em ser um canal de transmissão destas ideias inovadoras. Até então, como a História mostra, a administração de um empreendimento era feito de maneira amadora, muito mais baseada numa visão de negócios do que com a estruturação dos processos dentro da empresa. 

Assim, Fayol não apenas lança os fundamentos da administração, mas junto com Henry Ford e Frederick Taylor, apresenta uma nova geração - e até então única - geração de verdadeiros gestores.

Frente a isso, é interessante pensarmos como a trajetória de Henri Fayol poderia ter sido completamente diferente caso ele decidisse ser apenas “mais um funcionário”. A ousadia de empreender uma nova maneira de gerir a empresa, começando pelo setor que lhe cabia, abriu as portas não apenas para o seu crescimento profissional, mas o fez enxergar novas metodologias que ajudariam não apenas a salvar a empresa, mas fundamentar toda a área de administração. 

Graças ao seu empenho para salvar a empresa em que trabalhava, Fayol provou, definitivamente, que a administração pode - e deve - ser feita de maneira profissional, com disciplina e método.

Dito tudo isso, após 84 anos de existência Jules Henri Fayol faleceu em Paris, em 1925. Porém, após quase 100 anos de sua morte sua obra continua viva, sendo um farol que ilumina os navegantes no mar da gestão administrativa. Sendo assim, é pelo seu exemplo e legado deixado no campo da administração que, de maneira singela, o homenageado aqui é esse grande pai da administração.

Irei publicar mensalmente na série Os Pais da Administração um pouco da biografia de cada fundamentador da arte de gerir.

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio, PROF. ADM.




Conheça também:



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 5 de julho de 2022

LIFO: um método que agiliza a estocagem e valoriza seus produtos

Embora não seja tão conhecido, o sistema LIFO também é uma estratégia interessante para fazer o gerenciamento do seu estoque.

Neste texto você irá aprender mais sobre como a metodologia funciona e um comparativo com outros dois sistemas, o FIFO e o FEFO.

Ainda mostro como fazer o cálculo do giro de estoque para deixar a sua gestão mais eficiente.

O que é e quando usar LIFO?

LIFO é o acrônimo para “last in, first out” ou em português, UEPS “último a entrar, primeiro a sair”. Ele é um sistema utilizado para gerenciar o estoque.

Como o próprio nome já diz, neste método os novos produtos são armazenados na frente dos itens antigos, pois serão os primeiros a sair.

Ele é utilizado para empresas que desejam otimizar a gestão do estoque e aumentar a eficiência.

Afinal, como o último produto a entrar é o primeiro a sair, simplifica o fluxo e o controle dos produtos.

O LIFO é indicado para empresas que operam com produtos não perecíveis ou com uma validade maior como feijão, arroz e macarrão, por isso ela é utilizada em pequenos supermercados.

Também empresas que tenham uma alta rotatividade ou trabalhem sobre demanda como montadoras de carros.

Empresas como mineradoras e madeireiras também se beneficiam do LIFO, pois ele simplifica a gestão do estoque, pois como estes itens são pesados, é melhor utilizar a ideia do último que entra, primeiro que sai.

Como funciona o LIFO?

Para facilitar a compreensão, segue um exemplo:

Uma loja de autopeças e acessórios para carros adquiriu em janeiro/2021, 20 alarmes para carros.

Até metade do ano de junho/2021, foram vendidos 10 alarmes.

Em julho/2021 chegou novo lote com 20 alarmes.

Até dezembro/2021, mais 15 alarmes foram vendidos.

Segundo a lógica do LIFO, em janeiro/2022, 10 dos alarmes comprados em janeiro/2021 ainda estão no estoque.

Este sistema também é utilizado para calcular o valor do estoque, sempre considerando o valor pago na última compra.

No exemplo da loja de autopeças, no lote de janeiro/2021 cada alarme de carro custou R$10,00, logo o valor do estoque era R$200,00.

Já no lote de julho/2021, cada alarme custou R$11,00, este é o valor considerado para calcular o estoque final.

Então, o estoque com 15 alarmes, possui um valor de R$165,00.

Note que houve uma valorização dos 10 alarmes que restaram da compra de janeiro/2021. Por isso, o LIFO pode ser utilizado para fins gerenciais, mas não para contábeis.

Quais os prós e contras do LIFO?

Conheça as vantagens de desvantagens de aplicar o LIFO no seu negócio. 

Benefícios

Veja as razões para aplicar o LIFO:

Controle de entrada e saída dos produtos facilitado

Como os produtos têm um grande prazo de validade, não há a necessidade de um controle tão rigoroso da movimentação.

Economia no tempo e espaço

Como o armazém é organizado por ordem de chegada, não exige muito espaço para circulação. Este modelo também torna as entradas e saídas mais rápidas, fácil, diminuindo o prazo de entrega.

 Auxilia na precificação

Como o valor do estoque é baseado no último lote adquirido é fácil ajustar os preços à realidade do mercado.

Desvantagens

Aprenda os motivos para não escolher o LIFO:

Estoque obsoleto

Se não houver cuidado, itens parados no estoque podem se tornar obsoletos. Por exemplo, uma montadora de carros pode ter no seu armazém uma peça que não é utilizada nos novos modelos.

Neste caso a gerência precisa estar atenta ao mercado para evitar este transtorno.

Não pode ser utilizado no controle financeiro

No LIFO ocorre uma supervalorização do estoque, ou seja, o valor que está no armazém é maior que o valor investido nele, o que pode causar erros tributários.

Por este motivo, o Fisco (autoridades responsáveis pelo pagamento de impostos) não aceita esta forma de controle. Logo a empresa terá que utilizar outro método.

Qual a diferença entre FIFO, FEFO e LIFO?

Além do LIFO, existem outros dois métodos de gerenciamento de estoque famosos, os FIFO e o FEFO, conheça cada um deles:

FIFO

É o contrário do LIFO, nesta metodologia é o first in, first out (primeiro que entra, primeiro que sai).

Então, o estoque é organizado para facilitar que os primeiros produtos adquiridos sejam os primeiros a serem comercializados.

Um exemplo são as prateleiras dos supermercados, onde os itens são organizados para que os primeiros produtos fiquem na frente e visíveis para os consumidores.

FEFO

Já o FIFO significa “first expire, first out” (primeiro a vencer, primeiro a sair). Logo os produtos são distribuídos de uma forma que os mais próximos da validade sejam os primeiros a serem utilizados.

Este sistema é muito utilizado em empresas que trabalham com alimentos perecíveis ou com uma validade pequena, como restaurantes.

Mas qual deles utilizar?

A resposta está relacionada aos tipos de produtos que você comercializa e o seu negócio.

O sistema LIFO, não faz sentido em uma cafeteria, por exemplo, neste caso o FEFO e o FIFO são mais indicados.

Por outro lado, uma adega não precisa aplicar o FEFO.

Também o consumidor, no geral, valoriza produtos “frescos” que estejam com a data de validade longe. Logo, é importante fazer uma análise do seu público antes de definir qual estratégia aplicar.

Outro elemento importante é o giro de estoque, conheça-o melhor no próximo tópico.

O que é giro de estoque e como calcular?

O giro de estoque é um indicador que mede a circulação dos produtos, ou seja, quantas vezes os produtos foram vendidos e repostos.

Ele é fundamental para a gestão financeira de um negócio, com base nele é possível fazer as previsões de custos e dos lucros.

O cálculo é feito com uma fórmula simples:

nº total de venda / volume médio de estoque no período = giro de estoque

Por exemplo: uma loja de colchões vende por ano 12.000 colchões por ano. O volume médio de estoque mensal é 3.000 colchões, logo:

12.000/3.000 = 4

Isto é, o giro de estoque é 4 logo o estoque foi totalmente renovado 4 vezes.

Também é possível calcular utilizando o valor das vendas, segue fórmula:

nº total do valor venda / volume médio de vendas no período = giro de estoque

Na loja de colchões o volume de vendas anual é R$ 50.00,00, o valor das vendas mensais é R$ 12.000,00, logo:

R$50.000,00/R$12.000,00 = 4,1

Caso o resultado seja menor do 1, o estoque não foi renovado nenhuma vez.

Para saber de quanto em quanto tempo o estoque é renovado, basta aplicar esta fórmula:

nº de dias no ano / quantidade de giros = tempo médio de reposição

Exemplo:

365 / 4 = 91,25

Ou seja, o tempo médio levado para repor todo o estoque é de 92 dias.

Então qual você pensa ser o melhor para sua empresa, LIFO, FIFO ou FEFO? Diga nos comentários.

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio, PROF. ADM.


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.   

terça-feira, 28 de junho de 2022

Madam C. J. Walker, a primeira milionária dos Estados Unidos

Ser um empreendedor de sucesso não é uma tarefa fácil. O mundo dos negócios pode ser um campo intenso para aqueles que não demonstram talento ou esforço para gerir seus empreendimentos por maior que seja o recurso disponível para investir. Dizemos isso porque o senso comum aponta que para alguém ser bem sucedido nos negócios é porque, em grande parte, nunca precisou se preocupar em gerenciar bem seus recursos. Esse frágil argumento, porém, é facilmente refutado quando olhamos para a própria história de alguns empreendedores. 

Nascidos em lares humildes, esses empreendedores precisaram começar sozinhos a acreditar em seus negócios e a fazê-los funcionar. Não por acaso são chamados de “Self-made men” e os conhecemos a partir dos seus legados, que são a prova de que qualquer um pode se tornar um empreendedor, desde que esteja disposto a sacrificar-se em prol da sua ideia. 

Para derrubar definitivamente a falsa ideia de que somente os “bem nascidos”, hoje trouxemos uma das maiores empreendedoras da história dos Estados Unidos, uma mulher que enfrentou quase todas as barreiras sociais para conseguir lançar-se no mundo do empreendedorismo e tornar-se uma das mais poderosas damas da América. Estamos falando de Sarah Breedlove, mais conhecida como madame C. J. Walker, a primeira mulher americana a se tornar milionária.

De Sarah Breedlove a madame C. J Walker

Façamos, por alguns segundos, o seguinte exercício: imaginemos uma mulher afro-descendente nos Estados Unidos pós guerra civil. Nascida dois anos após o fim da guerra de secessão, em 1867, Sarah Breedlove nasceu livre de correntes, sendo a primeira de sua família a ter esse benefício. Seus pais, irmãos e irmãs mais velhas foram escravos e esse fato tornou-se marcante não apenas no início da vida da nossa empreendedora, mas também ao longo de toda a sua vida. Não por acaso, Sarah se tornou uma ativista dos direitos sociais em uma luta que somente décadas após a sua morte se concretizaria.

Porém estamos nos adiantando. Voltemos ao século XIX, no Estado da Louisiana. Conhecido por ser um dos principais centros escravistas dos Estados Unidos, a segregação racial não foi uma chaga extirpada tão facilmente por lá, logo, não é difícil imaginar as dificuldades passadas por Sarah e seus familiares.

Ainda na infância, com apenas 7 anos, a jovem Breedlove precisou encarar a morte de seus pais. Essa experiência fez com que a infante muda-se para os cuidados de sua irmã mais velha, servindo-a como empregada em sua casa. Assim inicia-se a carreira de Sarah: servindo a sua irmã em troca de moradia e comida. Essa situação manteve-se até os seus 14 anos, quando casou-se pela primeira vez e tornou-se mãe pouco tempo depois. Infelizmente, seu casamento não durou muito tempo devido ao falecimento do seu marido, em 1887. 

Desse modo, nem o mais otimista dos analistas diriam que Sarah tornar-se-ia uma empreendedora de sucesso, pois não nasceu rica, muito menos frequentou as universidades e era uma jovem viúva com uma filha pequena para cuidar. A situação de Breedlove, como podemos imaginar, não era nem um pouco confortável e para um espectador comum a jovem filha de ex-escravos jamais se tornaria uma mulher de negócios.

Entretanto, a vida não é tão simples de prever. No país da liberdade, mesmo sob a forte rejeição social que sofria por ser uma mulher afro-descendente, Sarah conseguiu o seu lugar ao sol. Tudo começou com um problema muito comum nos dias de hoje: a queda de cabelo. Como conta a história, Breedlove sofria de diversos problemas capilares devido aos produtos que usava, a má alimentação e o pouco cuidado (natural para a época) com o cabelo. A lista das suas enfermidades é enorme, mas os mais severos certamente envolviam inflamações no couro cabeludo, caspas e uma forte queda dos fios. Lembremos ainda que à época pouco se sabia sobre produtos para cabelo, ainda mais para um tipo tão discriminado como o dela.

Desse modo, o seu problema pessoal a fez refletir sobre as razões pela qual estava passando por aquele sofrimento. Como síntese, Sarah voltou determinada a encontrar uma solução para o seu dilema. Um primeiro passo foi notar a incompatibilidade com os produtos que usava e o seu cabelo. Junto a isso Sarah começou a investigar um pouco mais sobre o mundo dos capilares a partir dos seus irmãos mais velhos. Todos eram barbeiros e puderam dar as primeiras dicas do que viria a ser a mais brilhante das ideias de Sarah: fabricar produtos cosméticos para pessoas afro-descendentes.

Porém, sabemos que ideias só podem ser validadas quando saem do papel. Desse modo, Sarah criou um plano interessante para si. Começou, inicialmente, vendendo produtos de beleza para os seus irmãos, mergulhando no mundo da barbearia americana. Nesse meio Breedlove acabou conhecendo Annie Malone, uma empreendedora que vendia produtos capilares para mulheres com queda de cabelo. O diferencial de Malone é que ela vendia os produtos especializados para mulheres afro-descendentes, ou seja, executava a ideia que Sarah teve.

Pensemos um minuto quanto a isso. Em geral, quando sentimos que alguém “roubou” nossa ideia ficamos arrasados. Em nossa mente a inovadora ideia já havia sido vislumbrada por outro e isso, de certo modo, nos tira energia enquanto empreendedores. Acima disso, entretanto, devemos sempre retirar o melhor das experiências que a vida nos mostra. Sendo assim, nesses casos podemos aprender muito com o que a madame C. J. walker fez: ao invés de amaldiçoar Malone por ter tido a brilhante ideia antes dela, Sarah aproveitou para aproximar-se dela e entender os resultados que os produtos de Malone conseguiam.

A perspicácia de Sarah Breedlove foi muito impressionante, mostrando assim uma grande adaptabilidade às situações. Ainda hoje há certa polêmica quanto a essa atitude, pois muitos dizem que a empreendedora dos cosméticos roubou as ideias de Malone. Entretanto, nunca foi provado o roubo da fórmula, muito menos qualquer outro furto. O fato é que madame C. J. Walker viu uma oportunidade de aprender como vender o que ela esteve desejando por muito tempo. Sua visão fez com que não apenas aprendesse, mas também elevasse para um outro patamar o seu pequeno negócio.

Junto a isso, Sarah ainda contava com a ajuda do seu segundo marido, C. J Walker (daí o nome de Sarah ser visto como “senhora C. J Walker, traduzindo para a nossa língua) que era um brilhante publicitário em seu tempo. Assim, Sarah lançou-se à feroz competição com Malone para conquistar o mercado de cosméticos.

Tornando-se a primeira mulher milionária dos EUA

A estratégia da madame C. J Walker em conquistar o mercado foi simples e objetiva. Apresentando-se como uma cabeleireira e revendedora de cosméticos, ela atuava nos dois ramos e conseguia não somente captar possíveis clientes, mas fidelizá-los. Além disso, o investimento em fábrica e no treinamento de funcionários fez a diferença na popularização dos seus tratamentos e produtos. O famoso “sistema Walker” garantia que você conseguisse resultados para a queda de cabelo em pouco tempo, se tornando assim um sucesso.

Graças ao bom marketing e seu eterno reinvestimento na própria empresa, madame C. J. Walker expandiu seus negócios para outros Estados. Até então em Indianápolis, a madame C. J. Walker Manufacturing Company fez filiais em Nova York e Pittsburgh. Em seu auge, por volta de 1917, mais de 20 mil funcionários trabalhavam à serviço de suas fábricas, mantendo sua produção sempre em alta e com forte demanda. Assim, próximo de sua morte, em 1926, a empreendedora chegou à casa dos milhões.

Talvez esse número não seja tão relevante nos dias atuais, apesar de ser uma grande quantia de dinheiro. Porém, não podemos deixar de considerar o histórico duro em que Sarah Breedlove cresceu. Assim, a jovem de Louisiana demonstrou não apenas seu talento para os negócios, mas uma força tremenda, capaz de mover montanhas. Mesmo com os duros golpes que a vida lhe lançou, madame C. J. Walker conseguiu resistir e avançar seus empreendimentos para um novo patamar.

Pela sua resiliência e capacidade de superação é que a coloco como uma das maiores empreendedoras da história, pois seu exemplo é uma prova cabal de que um empreendedor não nasce apenas ao ter ideias ou dinheiro, mas principalmente a partir da vontade de tornar o mundo e da vida das outras pessoas um pouco melhor.

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio, PROF. ADM.
 


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 21 de junho de 2022

Inovação frugal a partir do empreendedorismo


Inovação frugal: como essa vertente de empreendedorismo pode trazer soluções simples, criativas e sustentáveis


Muitas vezes, quando se fala em inovação, as pessoas logo associam às grandes empresas de tecnologia, com os seus dispositivos capazes de revolucionar o digital, o mercado e transformar a dinâmica das nossas relações e o nosso cotidiano.


Entretanto, a inovação é muito mais do que isso. Existe muita inovação em soluções simples e criativas que geram grande impacto social, tecnologias essas que também podem fazer a diferença na vida de milhares de pessoas. Esse tipo de inovação é denominada inovação frugal e pode surgir a partir da identificação de alguma demanda ou necessidade da chamada base da pirâmide. 


No empreendedorismo, sabemos que entender as necessidades dos clientes para lançar uma ideia ou produto inovador garante que os resultados de um negócio tenham mais chances de ser positivos. Com a inovação frugal, há a possibilidade de se resolver problemas complexos e proporcionar soluções para atender demandas de diversas realidades.


E ela pode acontecer em qualquer lugar, basta disposição de fazer mais com poucos recursos e muita criatividade. Saiba mais sobre esse conceito, que é a cara do empreendedor brasileiro!

O conceito de inovação frugal

Já aqui no passado sobre as características do empreendedor frugal, que tem um comportamento baseado no significado de frugalidade, ou seja, nos pilares da simplicidade, da prudência, do uso racional de recursos, evitando desperdícios e gastos desnecessários.


Mas, e a inovação frugal? Tem a ver com isso? Tem sim. Como destaquei anteriormente, esse tipo de inovação busca o desenvolvimento de tecnologias descomplicadas de baixo custo, a partir de poucos recursos, apostando na criatividade para criar soluções inovadoras e disruptivas para problemas que atingem pessoas com pouco acesso aos meios mais sofisticados. Pode estar aliada a uma preocupação com o meio-ambiente, priorizando o desenvolvimento de soluções sustentáveis, ou à alguma causa social.

Quando o empreendedorismo aposta na simplicidade e na criatividade para provocar mudanças

Nesse sentido, é importante destacar que a inovação frugal nada tem a ver com “gambiarra” — que geralmente ocorre no improviso, não dá atenção às questões legais, e não prioriza normas técnicas e de segurança. A inovação frugal aposta na simplicidade, mas busca se pautar em processos bem estabelecidos e no desenvolvimento de tecnologias que sejam duráveis e gerem impacto socioambiental a longo prazo.


E muitas dessas tecnologias inovadoras são desenvolvidas a partir de um cenário de escassez, que, sem dúvida, é um fator que estimula a criatividade. Muitos exemplos de inovação frugal são de países de baixa renda, em que a necessidade fez pesquisadores e empreendedores se atentarem para o desenvolvimento de uma tecnologia frugal para solucionar algo.

Os exemplos de inovação frugal no Brasil e no mundo

Com base nessa vertente, veja a seguir alguns exemplos interessantes de tecnologias e soluções desenvolvidas que se enquadram nesse conceito de inovação frugal. Entenda como o potencial de inovação pode estar em todo lugar. Todo empreendedor precisa ficar atento a isso!

Tanquinho de lavar roupas

O tanquinho de lavar roupas foi uma inovação brasileira. Trata-se de um equipamento simples e barato para bater e lavar roupas sujas que, além de ser uma alternativa para famílias que não têm condição de comprar uma máquina de lavar, também contribui para o reaproveitamento de água. 

Calçada de Açaí

Pesquisadores da Universidade da Amazônia (UNAMA) conseguiram resolver alguns problemas ao incorporar a semente do açaí à massa de cimento. O concreto feito com o caroço in natura da fruta torna o material mais permeável e ajuda a drenar a água, evitando alagamentos. Além de diminuir o custo do calçamento em 15%, essa também foi uma solução para o lixo gerado pelo alto consumo do açaí na região do Pará, já que só a polpa tem valor comercial e o caroço, portanto, era descartado. Agora ele é insumo, pode ser comercializado e gerar renda. 

Carro Tata Nano

Esse, que é um exemplo de inovação frugal no setor automobilístico, foi um carro criado na Índia com o objetivo de ser o mais barato do mundo (custava cerca de 2.500 dólares). A ideia era que ele atendesse às classes mais populares do país. 

Sistema de serpentinas para reaproveitar o calor do chuveiro

Também chamado como Recuperador de Calor para Chuveiro Elétrico, esse sistema pode reduzir em até 44% o gasto com energia elétrica. Ele consegue “reciclar” o calor através de uma plataforma de plástico reforçado que pode ser instalado no chão do banheiro, tornando o chuveiro elétrico mais econômico. 

Geladeira sem eletricidade

Essa inovação também foi desenvolvida na Índia, onde a geladeira não é acessível para muitas famílias. Criada pelo artesão Mansukhbai Prajapati, a MittiCool é uma geladeira feita de cerâmica que não requer eletricidade para funcionar e é capaz de deixar alimentos frescos a uma temperatura de 8 °C. O resfriamento ocorre devido a uma câmara de água em que a água evapora e resfria o equipamento.

Eletrocardiograma portátil

A redução do peso do equipamento, priorizando funcionalidades essenciais, o deixou mais leve e permitiu a portabilidade. Além disso, foi possível reduzir o custo do aparelho e, consequentemente, de exames, fazendo com que fossem mais acessíveis aos pacientes.  

Cisternas de concreto

No interior da Bahia, um agricultor sergipano analfabeto criou uma solução para armazenar água da chuva no Nordeste: as cisternas de concreto. A inspiração veio das piscinas da cidade grande. Após uma temporada em São Paulo na década de 50 para trabalhar na construção civil, ele voltou com a ideia para o sertão baiano e passou a construir cisternas para armazenar 16 mil litros de água. O projeto inspirou um programa do governo, ajudou a empregar mão de obra e a movimentar o comércio local de materiais de construção. 



Como podemos ver, o empreendedorismo tem várias camadas e há a possibilidade de encontrarmos soluções simples e criativas nas mais diversas áreas e setores. A inovação frugal nos mostra o outro aspecto da inovação, em que é possível romper padrões e fazer a diferença com poucos recursos, a partir da disposição de querer fazer a diferença e gerar melhorias sociais e ambientais. Acredito que seja importante que empresários e futuros empreendedores estejam conscientes dessa vertente dos rumos da inovação.


Bom trabalho e grande abraço.


Rafael José Pôncio, PROF. ADM.



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.