terça-feira, 24 de março de 2015

Böhm-Bawerk e a teoria dos juros na Escola Austríaca

Böhm-Bawerk e a teoria dos juros na Escola Austríaca

Explore a vida de Eugen von Böhm-Bawerk e sua teoria dos juros, que transformou a economia ao explicar capital, tempo e preferência temporal.



O Economista Austríaco teórico sobre os juros

Eugen von Böhm-Bawerk ocupa um lugar singular na história da ciência econômica. Discípulo direto de Carl Menger, foi responsável por ampliar e consolidar a Escola Austríaca de Economia ao elaborar uma teoria dos juros que uniu capital, tempo e preferência temporal. Sua obra não apenas enfrentou os grandes debates de seu tempo, especialmente com os socialistas e marxistas, mas também lançou bases conceituais que continuam a influenciar a teoria econômica contemporânea. Mais do que um acadêmico, Böhm-Bawerk foi também um homem de ação: atuou como Ministro das Finanças do Império Austro-Húngaro, buscando aplicar na prática princípios que defendia em seus estudos.



Trajetória biográfica de Eugen von Böhm-Bawerk

Nascido em 1851, em Brno, no então Império Austríaco, Böhm-Bawerk formou-se em Direito em Viena, mas logo encontrou na economia sua verdadeira vocação. O contato com os escritos de Carl Menger, fundador da Escola Austríaca, foi determinante para direcionar seus estudos.

Como professor, destacou-se na Universidade de Innsbruck, onde escreveu as obras que o consagrariam: Capital e Juros (1884) e A Teoria Positiva do Capital (1889). Seu prestígio intelectual o levou à vida pública, tornando-se Ministro das Finanças em três ocasiões, período em que enfrentou debates fiscais e defendeu políticas orçamentárias prudentes.

Böhm-Bawerk faleceu em 1914, deixando um legado duradouro. Sua vida sintetiza a rara combinação entre rigor acadêmico e experiência prática no governo.



A Teoria dos Juros

O núcleo da contribuição de Böhm-Bawerk está em sua teoria dos juros. Para ele, o juro não era um fenômeno arbitrário ou resultado da exploração do trabalhador, como sustentava Marx, mas uma consequência lógica da relação entre tempo, capital e preferência humana.

Crítica à teoria do valor-trabalho de Marx

Böhm-Bawerk foi um dos mais consistentes críticos de Karl Marx. Em seu ensaio Karl Marx e o fechamento de seu sistema (1896), desmontou as contradições da teoria do valor-trabalho, mostrando que ela não explicava adequadamente a origem dos lucros. Se o valor derivasse apenas do trabalho, não haveria base racional para compreender por que os capitais aplicados em diferentes setores obtêm taxas de retorno distintas.

O papel do tempo e da espera na formação do juro

Segundo Böhm-Bawerk, a existência do juro decorre da preferência temporal: os indivíduos valorizam mais os bens presentes do que os futuros. Esse comportamento humano universal explica por que quem poupa e adia o consumo é recompensado. O capital, portanto, não é apenas um estoque físico, mas um processo temporal que envolve etapas de produção mais longas e sofisticadas.

O papel do tempo e da espera na formação do juro

Os juros seriam, assim, a compensação pela espera, o “preço do tempo” que equilibra poupança e investimento.



Contribuições para a Escola Austríaca

A teoria de Böhm-Bawerk consolidou a Escola Austríaca como uma alternativa vigorosa ao pensamento clássico e marxista. Seu foco na subjetividade, na ação individual e no papel do tempo abriu caminho para Ludwig von Mises, que aprofundou a teoria do capital em sua obra Ação Humana. Hayek, por sua vez, desenvolveu a dimensão intertemporal da produção e mostrou como distorções monetárias afetam os ciclos econômicos.

Assim, Böhm-Bawerk foi elo fundamental entre o pioneirismo de Menger e o florescimento posterior da tradição austríaca no século XX.



Atualidade da teoria dos juros

Ainda hoje, a teoria dos juros de Böhm-Bawerk mantém relevância. Em tempos de políticas monetárias expansionistas, taxas de juros artificialmente baixas e incentivos ao endividamento, a reflexão austríaca sobre preferência temporal se mostra atualíssima.

teoria dos juros de Böhm-Bawerk

Sua análise permite compreender fenômenos como bolhas financeiras, desalinhamento entre poupança e investimento e ciclos de expansão e recessão. A defesa de juros determinados pelo mercado, e não por manipulação estatal, ressoa fortemente nos debates econômicos contemporâneos.



Considerações finais

Eugen von Böhm-Bawerk foi mais do que um economista: foi um pensador que desafiou paradigmas, enfrentou teorias consolidadas e deixou um sistema conceitual duradouro. Ao explicar os juros como fenômeno natural da preferência temporal, libertou a economia de interpretações reducionistas e ofereceu uma base sólida para compreender o papel do capital na sociedade.

Sua biografia, marcada por rigor intelectual e serviço público, mostra que as ideias não vivem isoladas nos livros, mas podem influenciar políticas e moldar nações.

A teoria dos juros de Böhm-Bawerk permanece um convite à reflexão sobre como o tempo, o capital e as escolhas humanas determinam o curso do desenvolvimento econômico.

Bom trabalho e grande abraço.
Rafael José Pôncio, ADM.




Conheça também:

 Israel Kirzner e o papel do empreendedor


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

quarta-feira, 11 de março de 2015

O Arquétipo do animal de poder Tigre


O animal de poder faz parte da cultura xamânica e mostra que os animais têm muito a nos ensinar. Continue a leitura e saiba mais sobre o arquétipo do tigre.

O Arquétipo do animal de poder Tigre

Uma qualidade que todo o empreendedor deve preservar é a capacidade de observar e aprender. Uma estratégia para isso é se conectar a um animal de poder.

Mas o que é o animal de poder?

O animal de poder tem sua origem no xamanismo, um conjunto de crenças antigas que busca em elementos da natureza a conexão com o espiritual e divino.

Nesta filosofia, cada pessoa possui três totens de poder: Planta, Pedra e Animal. Eles servem como guias para o autoconhecimento e auxiliares nos desafios de vida.

Cada pessoa possui um animal de poder, um arquétipo espiritual da sua personalidade.

Antigamente, as pessoas se inspiravam neles para aprender a caçar, nadar e sobreviver nas florestas. Hoje eles são utilizados como referência para enfrentar os problemas das cidades e para o autoconhecimento.

A descoberta do seu animal de poder é uma etapa importante no xamanismo e só é possível com a ajuda de um mestre xamã. Pois, nem sempre o espírito animal é representado por um bicho que você gosta ou acredita ser parecido com você.

A simbologia dos animais de poder

Segundo esta crença cada animal tem qualidades, mensagens e ensinamentos específicos para passar aos seres humanos.

Para ficar fácil de entender, segue um exemplo:

Arquétipo do Tigre

O tigre (nome científico: Panthera tigris), está entre os maiores felinos do mundo, chegando a medir mais de 3 a 5 metros de comprimento e pesar 300 quilos. Ele só perde para o ligre, cruzamento entre leão e tigre.

Além do tamanho ele é reconhecido principalmente pela cor alaranjada e as suas listras, que auxiliam na camuflagem e na identificação, pois nenhum tigre tem um padrão igual ao outro.

É um animal de poder cultuado especialmente no continente asiático, onde surgiu a espécie. Lá ele é sempre representado como símbolo de força e preparação.

Na China, por exemplo, acredita-se que as marcas na testa dos tigres formam um símbolo conhecido como “wang”, que significa rei.

Por isso, ele foi escolhido para representar o crescimento e industrialização da Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura, os chamados Tigres Asiáticos.

Mas, o que os tigres têm para nos ensinar?

Um dos pontos fortes deste animal de poder é o planejamento, embora sejam animais grandes, conseguem chegar próximo às presas sem serem notados.

Mas se algo dá errado e a caça percebe que está sendo observada eles interrompem a perseguição e esperam um momento oportuno.

Então, uma das primeiras lições deste seres é: planejar e saber o momento certo da ação.

Também os tigres preferem caçar bichos maiores de 30 a 900 quilos. Para isso eles criam armadilhas elaboradas, mostrando que ele sabe agir com inteligência.

Para quem está abrindo um negócio ou deseja lançar um novo produto essas características são essenciais.

Afinal, você precisa analisar o mercado, montar um plano, definir metas, saber os custos, escolher os sócios, enfim, precisa estar preparado para agir na hora certa.

Mas os tigres também mostram a importância de estar alerta às oportunidades que surgem no seu caminho.

Aliás, esta é uma das qualidades mais relevantes deste animal de poder dentro do xamanismo: foco no presente.

Um atributo valoroso para viver no mundo dos negócios, pois surgem oportunidades todos os dias, mas é preciso estar atento ao mercado para percebê-las.

Mais um destaque dos tigres é a sua visão, ao contrário dos gatos domésticos as suas pupilas são redondas, o que diminui a sua visão noturna.

Contudo, ainda é 6 vezes melhor que a de um ser humano, assim, ele consegue enxergar de longe as presas e também os inimigos.

Estas habilidades são fundamentais para um gestor, pois ele deve prestar atenção aos acontecimentos ao seu redor, principalmente com relação a sua equipe, interferindo quando necessário, elogiando o bom desempenho e comemorando as vitórias.

Outra característica deste animal de poder é a determinação e persistência. Quando vão atrás de uma presa, eles não desistem até alcançá-la.

Um tigre adulto consegue atingir a velocidade de 49 a 65 km/h em distâncias curtas. E no momento que estão em uma caçada se mantêm totalmente focados no seu objetivo.

Esta característica é fundamental para um empreendedor ter sucesso na sua jornada, pois as dificuldades sempre aparecem e se você não seguir firme no seu propósito, elas podem te fazer desistir.

Ainda, outros atributos dos tigres são a liderança e a nobreza.

Quando estão em bando, diferente dos leões, as fêmeas e os filhotes são os que comem primeiro. Também as brigas por alimento são raras, na maioria das vezes cada um espera a sua vez.

Outra curiosidade é que os tigres têm a capacidade de paralisar as suas presas.

Junto com o seu rugido eles emitem infrassons inaudíveis para os seres humanos, mas que causa sensação de medo e ansiedade, paralisando a sua presa por poucos segundos, permitindo um ataque certeiro.

Esta é só uma pequena demonstração da força deste animal de poder.

Contudo, além das vantagens este animal de poder também tem certos “efeitos colaterais”.

Por exemplo: o foco e determinação caso não sejam bem dosados podem levar ao estresse e irritabilidade.  Pois, mesmo planejando com cautela, nem sempre as coisas acontecem da forma como gostaríamos.

Também o excesso de confiança e poder podem causar agressividade com as pessoas ao seu redor.

Então, é muito importante manter o equilíbrio.

Ensinamentos de outros animais de poder

Além dos tigres, podemos aprender observando o comportamento de outros animais, seguem 5 exemplos.

Abelhas: elas são ótimas referências quando se fala em trabalho árduo e harmonia, mas podem ficar presas a processos e não perceberem os acontecimentos ao seu redor.

Águias: ensinam que é preciso coragem para voar mais alto e força para alcançar os seus objetivos.

Borboletas: mostram como as transformações são fundamentais para o crescimento, por isso, é importante estar aberto ao novo.

Cavalos: um dos animais mais importantes do xamanismo, porque ele representa a ponte para o mundo espiritual. É um exemplo de força e bravura para superar os obstáculos.

Formigas: as formigas são um exemplo de estratégia, paciência e poupança, pois armazenam suprimentos para os momentos difíceis.


E você? Acredita que os animais têm algo a nos ensinar?

Bom trabalho e grande abraço.

Adm. Rafael José Pôncio



Conheça também:

Sobre Virtudes e Empreendedores

          


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.